Procurando aqui em casa algumas músicas de rock pra eu ouvir, me dei conta que os meus cds estão ficando cada vez mais velhos... Pensei comigo, poxa não tem nada de novo aqui! Por que não tem uns rockezinhos mais atuais aqui? No meio disso tudo eu cheguei a seguinte conclusão: não tenho quase nada de rock atual aqui em casa porque rock pra mim tem que conter um ingrediente primordial: a raiva.
Não que eu ache que se não tiver raiva, não é rock. Pode até ser, mas não é do tipo de rock que eu gosto. E esse tipo de rock que eu gosto, está cada vez mais difícil de encontrar nos dias de hoje... Não me perguntem porque, mas o rock que eu vejo que é feito hoje em dia, é um rock muito diferente do que eu cresci escutando, e que aprendi a fazer. O rock atual é, aos meus ouvidos, por muitas vezes uma música alegre e dançante. Nada contra a alegria, mas se eu quiser senti-la, não vai ser no rock que eu vou procurar este tipo de sentimento. Sei lá. A turma mais culta curte um rock "Vintage". Vintage pra mim é tentar refazer o que já foi feito. Aliás, pelo menos aqui na minha cidade quem não toca o que ja foi feito, e tenta tocar algo seu, algo novo, pode perder as esperanças de viver da sua arte. Ninguém quer ouvir algo novo, algo que não conheçe. Conhecer novas músicas, aprender novas letras, tudo isso dá muito trabalho. Bom, enfim temos também aquele rock triste, deprimido. Passivamente deprimido. E é só. Sinto falta da agitação agressiva das bandas da minha época. Um bom rock, voçê ouvia e visualizava na hora um cara enorme, dando um soco na cara de alguém. E isso é importante pra mim. Porque todos os que eu deixei de agredir, todos os palavrões que eu deixei de xingar, todos os gritos que eu não dava no meu dia a dia, o rock dava pra mim. Era só ouvir, e me sentia como se estivesse fazendo, liberando aquela tensão acumulada... hoje em dia os socos que o rock dá são no ar, aleatórios, descomprometidos, disparados por um cara magricelo, de óculos de armação preta e calça xadrez. Por favor me entendam: nada contra os magricelos (Sou muito magricelo), nem contra óculos, nem contra calça xadrez. Nada contra o rock depressivo, o rock culto, o rock vintage ou o rock feliz. Acho que tem que ter espaço pra todo mundo, e muitos deles realmente mereçem o espaço que conquistaram. E terão espaço aqui no meu humilde ouvidinho também, dependendo do momento a pedida é boa. Só que eu sinto muita falta do rock feito com raiva. Esse sim cumpre a função que eu dei para que o rock desempenhasse na minha vida. Expressar a raiva, a revolta, a violência que o mundo semeia na gente e tem que sair de alguma forma. No meu caso sai em forma de música. E garanto que isso já me impediu de fazer muita merda. Pode ser que eu esteja falando por uma minoria. Mas sei que não sou o único que pensa assim. E não ser o único me dá esperança de que ele volte um dia... Meu agressivo, barulhento, violento, raivoso e revigorante amigo: o Rock! \m/
Tiago Buiú